Resíduos depositados pela maré em área de manguezal próxima às palafitas na região de Santos e São Vicente. © Cesar Cordeiro |
Os manguezais estão espalhados em 112 países em todo o mundo, tendo uma cobertura de aproximadamente 18 milhões de hectares. No Brasil, contamos com pouco mais de 1,3 milhão de hectares ao longo da costa. E, 14 regiões metropolitanas, das 25 do país, encontram-se em áreas costeiras próximas a estuários, onde estão também os maiores portos e pólos petroquímicos do país.
Além da grande importância ecológica (berçários de peixes e crustáceos, área de alimentação e descanso de aves), tradicionalmente, a ampla utilização dos manguezais abrange atividades de extração de alimento (caça, pesca e cultivo de moluscos) e de madeira para diversos fins (lenha, extração de tanino, construção de casas e utensílios).
Com a crescente ocupação humana em áreas de manguezais, muitas atividades comerciais vêm aumentando sua importância na exploração dos recursos estuarinos, no entanto, tais práticas ocorrem em escalas superiores às suportadas pelo ambiente, contribuindo em sua degradação.
Apesar da proximidade de grandes centros urbanos a esses ecossistemas e sua inerente fragilidade, poucos estudos ou ações de limpeza têm focado este ambiente, principalmente devido à dificuldade de acesso e de operação nessas regiões.
Para a realização do estudo foram amostradas oito áreas ao longo estuário nas quais foram coletados os resíduos e caracterizada a vegetação. Além do histórico de pirataria nessas áreas, a facilidade de acesso e localização no estuário foram fatores determinantes no planejamento amostral.
Ao total foram recolhidos 2129 itens, com o peso de 207,5 kg. O peso total dos itens pode parecer pouco para a área amostrada. Contudo, os resíduos com grandes dimensões (sofás, colchões, portas, geladeiras e pneus) não puderam ser pesados no local e não foram incluídos nas análises.
O principal item observado em todas as áreas foi o plástico com 62,8% da abundância total, onde embalagens e sacolas plásticas contabilizaram 51,6% dessa fração. Essa contribuição maciça de itens plásticos não é uma surpresa, uma vez que já é uma das maiores preocupações em escala global. Diversos trabalhos realizados em praias já constataram resultados semelhantes e, o prognóstico em longo prazo não é otimista. A ampla utilização desses polímeros devido à sua versatilidade, baixo custo e durabilidade faz com que permaneçam com alto grau de inserção na sociedade moderna, tornando-os praticamente indispensáveis.
Tais características também são o motivo pelo qual este tipo de resíduo é tão nocivo ao meio ambiente e, apesar de pesquisas sobre novos materiais, parece não haver nenhum substituto à altura num horizonte próximo.
Diferentemente das praias, em estuários, a ação de ondas e ventos tem pouca influência na distribuição dos resíduos. O principal fator é o fluxo das marés que age varrendo estas áreas, levando e trazendo itens de acordo com a flutuabilidade.
Assim, observando as características das áreas amostradas observamos as maiores quantidade de lixo acumuladas em áreas de baixa declividade. Esta informação é importante no direcionamento de futuras ações de limpeza, facilitando a escolha de áreas prioritárias.
Como observado por outros estudos, o acúmulo de resíduos pode causar problemas estéticos e trazer riscos à saúde de humanos e à biota local.
Assim, são necessárias ações que considerem o problema dos resíduos despejados irregularmente em áreas naturais, tais como: estabelecimento de políticas educacionais e de conscientização com atividades direcionadas à diminuição do consumo; estabelecimento de programas locais de monitoramente e limpeza das áreas atingidas, auxiliando a mobilização da sociedade organizada; aumento da cooperação entre pesquisadores, sociedade organizada e governo, para a instalação de tais ações; e, regularização das áreas ocupadas às margens dos canais e implementação de serviços de saneamento básico nestas regiões.
Assim, são necessárias ações que considerem o problema dos resíduos despejados irregularmente em áreas naturais, tais como: estabelecimento de políticas educacionais e de conscientização com atividades direcionadas à diminuição do consumo; estabelecimento de programas locais de monitoramente e limpeza das áreas atingidas, auxiliando a mobilização da sociedade organizada; aumento da cooperação entre pesquisadores, sociedade organizada e governo, para a instalação de tais ações; e, regularização das áreas ocupadas às margens dos canais e implementação de serviços de saneamento básico nestas regiões.
**Cesar Cordeiro, biólogo marinho (UNESP), mestre em zoologia (UFPB) e doutorando em biologia marinha (UFF). veja no link <<<<
Rodrigo Brandão Azambuja
Ambiental WEB
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